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O Brasil é um país de poucos leitores. Segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro, em São Paulo, a média anual por pessoa é de apenas quatro livros. Mudar esse quadro não é tarefa simples. Isso porque o mesmo levantamento mostra que 61% das crianças e dos jovens em idade escolar dizem ler apenas por obrigação. 

 

 

Apesar de alguns avanços, como a ampliação de municípios com biblioteca pública ter passado de 76,3% para 97% entre 1999 e 2012, segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o acesso aos livros no país ainda é um privilégio. De acordo com o Censo Escolar de 2013, apenas 37% das escolas de Ensino Fundamental têm biblioteca.

 

Nos estabelecimentos de ensino do Ensino Médio o quadro é bem melhor, mas ainda insuficiente: 73%. Outro problema recorrente é que nas unidades onde há espaços de leitura, muitos permanecem fechados, longe dos alunos e da comunidade.

 

 

Um dos dados positivos da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil é que os professores são os que mais influenciam os leitores a desenvolverem o gosto por essa prática. Contudo, apesar dos investimentos na formação continuada, os docentes ainda leem pouco e precisam aperfeiçoar suas práticas pedagógicas para o ensino da leitura e da escrita.

 

 

O Brasil precisa assumir as desigualdades que marcam o acesso à língua escrita e às práticas de letramento. O país segue com uma dívida histórica: 8,5% da população de 15 anos ou mais é analfabeta. Na zona rural, esse percentual chega a mais de 20%, um dos maiores índices da América Latina.

 

 

A escola tem um papel importante para reduzir as desigualdades, como as demonstradas pelo Inaf - Índice de Analfabetismo Funcional, elaborado pelo Instituto Paulo Montenegro em parceria com a Ação Educativa. Em 2012, somente 62% das pessoas com ensino superior e 35% das pessoas com ensino médio completo foram consideradas plenamente alfabetizadas.

 

 

Promover a AMPLIAÇÃO E A DIVERSIFICAÇÃO DO LETRAMENTO

Brasil, um país de poucos leitores

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Letramento:
um direito para a plena participação social
 

 

 

Apesar dos avanços nas duas últimas décadas, que levaram milhares de pessoas para os bancos escolares, ampliando a média de anos de estudos da população, a leitura ainda não é hábito entre os brasileiros. Frente a este cenário, Cida Laginestra, pedagoga da equipe de coordenação das Olimpíadas de Língua Portuguesa; Maria Alice Armelin, coordenadora do projeto Entre na Roda e Márcia Coutinho, coordenadora da Plataforma de Letramento, discutem na entrevista abaixo o que é letramento e os principais desafios que precisam ser superados na área.

 

 

 

O que é letramento?

Cenpec: O letramento é um conjunto de práticas sociais que são mediadas pela cultura da escrita. Ele ocorre não apenas na escola, mas em todos os demais espaços sociais. O letramento potencializa o exercício da cidadania, contribuindo para a formação e a autonomia do indivíduo, possibilitando, assim, a participação ativa nas mais diversas esferas do mundo social.

 

Qual seu papel na vida das pessoas e para a constituição de uma sociedade mais justa?

Cenpec: Em uma sociedade desigual como a brasileira, é fundamental assegurar o direito à plena alfabetização a todas as pessoas para que ninguém seja excluído das práticas de letramento que estão postas no cotidiano. Elas são necessárias, inclusive, para acessar outros direitos.

 

Considerando o relacionamento com milhares de professores brasileiros, proporcionado pela coordenação dos projetos Olimpíada da Língua Portuguesa e Plataforma do Letramento, quais as principais dificuldades do professor no ensino da língua portuguesa?

Cenpec: São muitas as limitações, algumas delas são frutos da baixa qualidade da formação inicial e continuada dos docentes. Durante as formações, percebemos que há lacunas em diferentes pontos das sequências didáticas desenvolvidas pelos professores para favorecer a aprendizagem da leitura e da escrita. As fragilidades ocorrem desde o diagnóstico inicial, no levantamento do que o aluno sabe sobre os diferentes gêneros, nas intervenções dos docentes ao apresentar as atividades e motivar os estudantes, nos momentos de leitura e correção individual e compartilhada, nos processos de reescritas e avaliações...  Há uma carência muito grande por formação. Quando abrimos inscrições para os cursos da Plataforma de Letramento ou mesmo das Olimpíadas as vagas são preenchidas em poucas horas.

  

De que forma essas lacunas podem ser enfrentadas?

Cenpec: As políticas públicas precisam valorizar esse professor. Em nossas formações temos buscado oferecer materiais, recursos e espaços de troca para que os professores possam discutir, compartilhar dúvidas e dialogar com seus pares em busca de soluções. De forma geral, os docentes têm poucas oportunidades para estudar e se aperfeiçoar. Os espaços de discussão coletiva nas escolas têm sido ocupados por aspectos burocráticos.

 

Os professores priorizam mais a leitura do que a escrita em suas propostas de ensino?

Cenpec: Os nossos alunos ainda escrevem pouco e esse problema se agrava ainda mais nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. De forma geral, as aulas de português ainda ficam muito focadas em aspectos gramaticais. Por outro lado, o ensino da leitura também tem sido muito negligenciado, apesar de os alunos lerem cada vez mais fora da escola, principalmente com a ampliação do acesso a internet. As atividades de leitura ainda ocorrem de forma descontextualizada, associada às tarefas de localização de informações e preenchimento de fichas. Além disso, os professores ainda têm dúvidas sobre como fazer os estudantes avançarem em suas habilidades leitoras. Hoje, há muito material de referência para a formação continuada dos professores na área escrita, mas o mesmo não ocorre com a formação de mediadores de leitura.

 

Nossos professores leem pouco?

Cenpec: Nossos professores não são leitores. Eles não têm o hábito de ler ou leem muito pouco. Quando muito, fazem uma leitura imediatista, de jornais, revista ou textos instrumentais para o trabalho, mas pouca literatura. Por isso, o nosso grande desafio é formar leitores e mediadores de leitura ao mesmo tempo. Os livros precisam estar acessíveis. Mas ainda é comum encontrar bibliotecas fechadas. Por isso é preciso ampliar as políticas de incentivo à leitura, pois muitos municípios ainda não tem biblioteca e poucos construíram seus Planos Municipais do Livro e da Leitura.

 Em debate: letramento  

debate

Veja também:

LETRAMENTO
EM NÚMEROS 

Veja também:

E O LETRAMENTO
 

números

ANALFABETISMO:

Fonte: Pnad/IBGE 

Veja também:

LETRAMENTO EM NÚMEROS 

Os números sobre o tema letramento

ANALFABETISMO FUNCIONAL x ALFABETIZAÇÃO

Fonte: Inaf

ANOS DE ESTUDO DOS BRASILEIROS
COM 25 ANOS OU MAIS

123.275

milhões

de pessoas

Fonte: Pnad 2013/IBGE 

Leitores no Brasil

Leitor é aquele que leu, inteiro ou em partes, pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses

 

Quem mais influenciou os leitores a ler

Base: Leitor que gosta de ler 2007/ 2011 (77,2 milhões) p.26
Qual é a pessoa que mais influenciou ou incentivou o seu gosto pela leitura? E em segundo lugar?

 

Art. 2o  São diretrizes do PNE:
 

I - erradicação do analfabetismo;

 

Meta 5: Alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do
3º (terceiro) ano do ensino fundamental.

 

5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, nos anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os com as estratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação e valorização dos (as) professores (as) alfabetizadores e com apoio pedagógico específico, a fim de garantir a alfabetização plena de todas as crianças;

 

5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional periódicos e específicos para aferir a alfabetização das crianças, aplicados a cada ano, bem como estimular os sistemas de ensino e as escolas a criarem os respectivos instrumentos de avaliação e monitoramento, implementando medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos e alunas até o final do terceiro ano do ensino fundamental;

 

5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferencialmente, como recursos educacionais abertos;

 

5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a alfabetização e favoreçam a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as diversas abordagens metodológicas e sua efetividade;

 

5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a produção de materiais didáticos específicos, e desenvolver instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da língua materna pelas comunidades indígenas e a identidade cultural das comunidades quilombolas;

 

5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o conhecimento de novas tecnologias educacionais e práticas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre programas de pós-graduação stricto sensu e ações de formação continuada de professores (as) para a alfabetização;

 

5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência, considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização bilíngue de pessoas surdas, sem estabelecimento de terminalidade temporal.

 

 

Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade média entre negros e não negros declarados à Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.

 

8.2) implementar programas de educação de jovens e adultos para os segmentos populacionais considerados, que estejam fora da escola e com defasagem idade-série, associados a outras estratégias que garantam a continuidade da escolarização, após a alfabetização inicial;

 

 

Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e, até o final da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional.

 

9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e adultos a todos os que não tiveram acesso à educação básica na idade própria;

 

9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino fundamental e médio incompletos, para identificar a demanda ativa por vagas na educação de jovens e adultos;

 

9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e adultos com garantia de continuidade da escolarização básica;

 

9.4) criar benefício adicional no programa nacional de transferência de renda para jovens e adultos que frequentarem cursos de alfabetização;

 

9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação de jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime de colaboração entre entes federados e em parceria com organizações da sociedade civil;

 

9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos, que permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos com mais de 15 (quinze) anos de idade;

 

9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da educação de jovens e adultos por meio de programas suplementares de transporte, alimentação e saúde, inclusive atendimento oftalmológico e fornecimento gratuito de óculos, em articulação com a área da saúde;

 

9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos, nas etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas privadas de liberdade em todos os estabelecimentos penais, assegurando-se formação específica dos professores e das professoras e implementação de diretrizes nacionais em regime de colaboração;

 

9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores na educação de jovens e adultos que visem ao desenvolvimento de modelos adequados às necessidades específicas desses (as) alunos (as);

 

9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem os segmentos empregadores, públicos e privados, e os sistemas de ensino, para promover a compatibilização da jornada de trabalho dos empregados e das empregadas com a oferta das ações de alfabetização e de educação de jovens e adultos;

 

9.11) implementar programas de capacitação tecnológica da população jovem e adulta, direcionados para os segmentos com baixos níveis de escolarização formal e para os (as) alunos (as) com deficiência, articulando os sistemas de ensino, a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, as universidades, as cooperativas e as associações, por meio de ações de extensão desenvolvidas em centros vocacionais tecnológicos, com tecnologias assistivas que favoreçam a efetiva inclusão social e produtiva dessa população;

 

9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos, as necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políticas de erradicação do analfabetismo, ao acesso a tecnologias educacionais e atividades recreativas, culturais e esportivas, à implementação de programas de valorização e compartilhamento dos conhecimentos e experiência dos idosos e à inclusão dos temas do envelhecimento e da velhice nas escolas.

PNE

Veja também:

 E O LETRAMENTO 

O PNE e o letramento

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