Também são atribuições do diretor prever dentro da rotina momentos de formação do corpo docente da escola, realizar reuniões com a equipe técnica da Secretaria de Educação, conduzir as discussões para construção do projeto político pedagógico da unidade escolar, criar espaços de participação da comunidade.

 

Assim, uma boa gestão considera a escola nas suas três dimensões: individual (definida pela sua singularidade), territorial (como organismo que mantém fortes relações de dependência com outras escolas e instituições educativas da região) e coletiva (como integrante de uma rede ou sistema de ensino).

 

Frente à importância das funções desempenhadas pelo diretor e sua relação com a garantia da aprendizagem, a gestão escolar tem sido alvo de estudos e pesquisas e diversas iniciativas têm sido desenvolvidas com o objetivo de contribuir para a formação desses profissionais e fortalecê-los em seu papel.

 

Um dos primeiros projetos do Cenpec a ganhar notoriedade em âmbito nacional buscava justamente identificar e dar visibilidade a boas práticas de gestão democrática existentes em escolas públicas de todo o País, o Raízes e Asas (1993). A importância de se implantar uma gestão democrática nas escolas segue como uma convicção da organização, compreendendo que a gestão da escola se fortalece quando baseada em processos colaborativos e articulada com as famílias e com outros agentes educativos do território.

 

A aproximação entre escola e comunidade possibilita ainda à gestão da escola conhecer o seu público, suas necessidades e potencialidades, a fim de garantir condições que assegurem o direito à educação.

 

A publicação Família, Escola, Território Vulnerável, produzida pela Coordenação de Desenvolvimento de Pesquisas do Cenpec e lançada em seminário no mês de novembro, busca justamente desfazer mal entendidos e visões distorcidas que, na maior parte das vezes, impedem uma interação enriquecedora entre escola e famílias das camadas populares e moradoras de áreas segregadas das metrópoles. Originou-se de uma pesquisa realizada entre 2011 e 2013, com um grupo de mães que viviam numa região da extrema periferia da cidade de São Paulo, marcada pelo preconceito e pela pobreza.

 

Outra pesquisa realizada pelo Cenpec reforça outro pressuposto da organização na elaboração de projetos voltados para gestão escolar e de sistemas de ensino: a da construção de processos colaborativos pelas demais escolas com as demais unidades do mesmo território, em busca de soluções para as questões educacionais comuns.

 

Por conta de estudos realizados pela Coordenação de Desenvolvimento de Pesquisas, que constataram a existência de processos velados de seleção de alunos e de concorrência de professores por escolas, o Cenpec foi convidado a integrar, em 2013, o Fórum de Gestores da Zona Leste. Composto majoritariamente por diretores de escola, o grupo tem como objetivo ser um espaço formativo e de troca de experiências entre os seus membros e promover a cooperação entre as escolas. O Cenpec participa do grupo apoiando a mobilização dos gestores em busca dessa gestão compartilhada no território e contribuindo com os debates e reflexões com esse foco.

 

A gestão com foco na aprendizagem pressupõe ainda a utilização dos resultados produzidos nas avaliações para o acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem e como subsídio para o trabalho pedagógico. Embora ocupem espaço cada vez maior no desenho das políticas educacionais de estados e municípios, as informações produzidas pelas avaliações externas ainda não são suficientemente exploradas com esse fim. Cabe aos gestores escolares mostrar aos professores a importância de se fazer a interpretação pedagógica desses dados, contextualizá-los em relação às demais escolas da rede e construir articulações entre as avaliações externas e internas.

 

Com o objetivo de contribuir com esse cenário, em 2013, o Cenpec e a Fundação Itaú Social lançaram a publicação “Avaliações externas: Perspectivas para a ação pedagógica e a gestão do ensino”.  O material foi produzido no âmbito do programa “Avaliação e Aprendizagem”, iniciativa da Fundação Itaú Social com a coordenação técnica do Cenpec. Aborda diferentes questões relacionadas à avaliação, traçando desde um histórico do sistema brasileiro de avaliação, o seu surgimento, passando pela abordagem de aspectos mais técnicos, como a diferença entre a Prova Brasil e a Provinha Brasil, a definição do que é descritor e matriz de referência, até a análise do boletim da Prova Brasil de uma escola.

 

Em 2013, o Cenpec deu continuidade à parceria com MEC, Consed e Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) para reformulação do Progestão, curso de formação a distância para gestores escolares. Foi realizado um colóquio que reuniu gestores dos 27 estados da federação, no qual foram apresentados os resultados da avaliação sobre o curso realizada pelo Cenpec em 2012, a partir de entrevistas com ex-alunos e da análise do material utilizado. No encontro, os participantes puderam comentar os dados e apresentar sugestões para política de formação de gestores do MEC.